Crescer Dói, Doutor?

Crescer dói, doutor?É comum crianças entre 3 e 6 anos se queixarem de dor nas pernas e existe um senso comum de associar estas queixas ao crescimento.

A experiência da dor é um fenômeno comum em crianças e adultos, contudo, nas crianças esta se expressa como um fenômeno muito mais intenso.

“Trata-se de uma fase de descoberta, a criança, assim como o adulto, sente dor nas pernas e nos pés após um dia de muitas atividades, um dia cansativo, isto se deve a uma sobrecarga do aparelho músculo esquelético que deverá se recuperar após um período de descanso. Contudo, nas crianças, esse desconforto se manifesta de forma muito mais intensa. A dor é vivenciada de forma individual, tendo componentes psicológicos, ambientais e de conhecimentos prévios que interferem na sua intensidade.” Explica o ortopedista pediátrico do HSPE, Alessandro Felix.

“Assim como outras descobertas, cores, sabores, sensações, tato e sentimentos, a dor também se apresenta como algo novo, tratando-se de uma experiência que não é agradável, porem deve ser entendida, respeitada e adequadamente trabalhada. Quem nunca teve a sensação de que uma injeção parecia ser muito mais dolorosa na infância?”

Não são raras as historias de crianças que acordam os pais, no meio da noite, com muito choro e queixa de dor nas pernas, na manhã seguinte se quer recordam o acontecido.

“Essa experiência é real, a dor é verdadeira e pertence ao universo de descobertas e entendimentos da relação de interação do individuo com o ambiente. Não cabe aos pais julgamento ou negligencia. Essa dor deve ser respeitada e o papel dos pais é ajudar a criança a compreender, transpor essa dificuldade da natureza humana, sendo importante demonstrar tranqüilidade. Fazer compressas com bolsa de água morna e massagear as áreas dolorosas podem ajudar a criança a se aclamar e sentir-se melhor. O uso de medicamentos

deve ser evitado, mas vale valorizar o fenômeno no sentido de dar a devida atenção para aquela experiência ruim do entendimento de seu corpo.”

Outra condição, não infreqüente, é a criança se queixar de dor quando precisa acompanhar os pais em uma atividade que não lhe seja interessante. “Em verdade, nessa fase, não existe muito bem a compreensão da diferença entre o cansaço de uma atividade enfadante e a dor. Muitas vezes a criança busca atenção dos pais para seu desconforto queixando-se de dor” explica o especialista.

Algumas situações devem exigir maior preocupação por parte dos pais: “Primeiro é a dor persistente, que não melhora após o repouso, segundo é a dor que limite a criança pra fazer uma atividade que lhe seja interessante, como brincar com outras crianças. Também, devemos nos preocupar com uma dor pontual que venha associada a febre, calor local e vermelhidão da pele, ou aquela associada a alguma assimetria entre os membros.”

Grupo de Ortopedia Infantil e Reconstrução do HSPE atende diversas patologias ósteo-articulares da infância. Contamos com 3 profissionais médicos ortopedistas, médicos colaboradores, médicos residentes, pós-graduandos , fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. São realizados cerca de 300 atendimentos e até 10 cirurgias ao mês.

Apesar do HSPE ser reconhecido como Hospital do Idoso, nosso grupo de Ortopedia Infantil e Reconstrução atende 2500 pacientes por ano, e cuida das afecções ortopédicas divididas em 4 grupos de atenção, sendo neuromuscular, pé infantil (incluindo um ambulatório referência no Método Ponseti para o tratamento de pé torto), trauma ortopédico e reconstrução (credenciados pela ASAMI) e ortopedia geral.

Temos interação com estagiários estrangeiros através de intercambio com diversos serviços internacionais. Já recebemos médicos vistantes do Peru, Chile, do Paquistão, e para o próximo ano, estabeleceremos um convenio com a Colombia, Mexico, Argentina e Chile. Nossos médicos têm experiência internacional tendo visitado serviços europeus, americanos e latino-americanos, e o grupo participa ativamente de congressos de ortopedia infantil e de reconstrução de membros, levando o nome do Hospital a uma boa projeção nacional.