Tratamento de Lesão Crônica do Tendão Patelar com Dispositivo de Proteção

Rogério Teixeira de Carvalho1, Pedro Gouveia Bastos2, Francisco Mendes Ferreira Neto2, Caetano Scalizi Jr1, Wolf Akl Filho3

1- Médico Assistente do Grupo de Joelho do serviço de Ortopedia e Traumatologia do HSPE – IAMSPE – São Paulo

2- Médico Estagiário do Grupo de Joelho do serviço de Ortopedia e Traumatologia do HSPE – IAMSPE – São Paulo

3- Chefe do Grupo de Joelho do serviço de Ortopedia e Traumatologia do HSPE – IAMSPE – São Paulo

RESUMO

Os autores apresentam uma opção para o tratamento da lesão crônica do tendão

patelar, com um dispositivo de proteção mais resistente, diminuindo o risco de novas

rupturas. Descritores: Joelho, tendão patelar, ruptura, dispositivo de proteção.

SUMMARY

The authors present a option for the treatment of chronic patellar tendon injury,

with a protection device more resilient, reducing the risk of further disruption.

Keywords: Knee, patellar tendon rupture, protection device.

INTRODUÇÃO

A lesão do tendão patelar é menos comum que a lesão do tendão quadríceps, tem

maior incidência em pacientes com menos de 40 anos, e frequentemente observadas em

esportistas. A maioria das rupturas assume a forma de avulsão do pólo inferior da patela1.

O mecanismo de lesão é uma contração excêntrica do mecanismo extensor, geralmente

associado a algum fator de risco como: artrite reumatóide, lúpus eritematoso

sistêmico, diabetes, insuficiência renal crônica, corticoterapia sistêmica, injeção local de

esteróides ou tendinite patelar crônica2.

As lesões do tendão patelar são frequentemente negligenciadas no pronto socorro,

devido à falta de um exame físico meticuloso. O atraso no diagnóstico dificulta consideravelmente

a recuperação da lesão pelos tecidos moles inadequados, resultantes da

retração e reabsorção3. O tratamento exige um desbridamento cuidadoso até atingir o

tecido saudável, que geralmente está enfraquecido e não resistiria a uma simples sutura.

Uma imobilização por longo período de duração ou, um mecanismo de proteção interno,

para inicio precoce da reabilitação é necessário3,4.

INDICAÇÃO

Ruptura crônica do tendão patelar.

TÉCNICA CIRÚRGICA

O paciente é posicionado em decúbito dorsal, sob anestesia peridural. Realizado

então, uma incisão mediana no joelho estendendo da tuberosidade anterior de tíbia

(TAT) até o pólo superior da patela. Realiza-se o desbridamento cirúrgico até encontrar

o tecido saudável (fig1).

tendao-patelar1

 

Realiza-se a sutura boca a boca do tendão patelar, caso seja uma lesão intrasubstancial,

ou a passagem de múltiplos fios através de 03 orifícios longitudinais da

patela. A sutura deve ser realizada sob controle radioscópico em incidência anterior e

perfil, utilizando como parâmetro a linha articular e a linha de Blumensat, respectivamente.

Posteriormente é realizado um furo transverso no terço proximal da patela para

a passagem do fio de aço que servirá de reforço para o tendão (fig2).

As duas extremidades do fio entrecruzam sobre a patela e são tensionadas. Realizase

então três voltas no fio e o sistema com as duas pontas do fio é levado até a tuberosidade

anterior da tíbia(TAT). Introduz-se um parafuso de cortical de 3,2mm, com arruela,

medialmente a TAT, numa direção oblíqua de distal para proximal, fixando na cortical

posterior (fig3).

Após realizada a fixação, é feito o controle radioscópico, e observado o posicionamento

do sistema de proteção e a altura patelar (fig.4 e 5).

tendao-patelar4

 

Realiza-se irrigação local com soro fisiológico 0,9% e feito fechamento de ferida

operatória por planos, fazendo a maior cobertura possível do material de síntese.

REABILITAÇÃO

O paciente é estimulado a iniciar a flexo – extensão assistida pelo fisioterapeuta

o qual inicia a movimentação passiva precoce e exercícios isométricos de quadríceps,

além de eletroestimulação precoce.

Retirada a carga por 04 semanas, com retorno gradual da carga nas 04 semanas seguintes.

COMPLICAÇÕES

Relatado em literatura infecção, trombose venosa profunda, embolia pulmonar,

rompimento do reforço, rigidez articular e necrose de pele.

RECOMENDAÇÕES

Seleção criteriosa do paciente.

Conhecimento do material e da técnica operatória.

Utilização de itensificador de imagem para evitar posicionamento inadequado da patela.

Atenção na perfuração da patela e posicionamento do parafuso.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Shelbourne KD, Darmelio MP, Klootwyk TE. Patellar tendon rupture repair using Dall-Miles Cable. Am J Knee Surg.

2001; 14(1):17-20.

2. Enad JG, Loomis LL. Primary patellar tendon repair and early mobilization: results in an active-duty population. J South Orthop Assoc. 2001;10(1):17-23.

3. Enad JG, Loomis LL. Patellar tendon repair: postoperative treatment. Arch Phys Med Rehabil. 2000;81(6):786-8.

4. Bhargava SP, Hynes MC, Dowell JK, Traumatic patellar tendon rupture: early mobilisation following surgical repair.

Injury. 2004; 35(1):76-9